domingo, 26 de junho de 2011
O Corte do Carneiro
O Poeta José Mauro de Alencar (Júnior do Bode) esteve estes dias no Sítio Carneiro para participar dos festejos juninos na localidade, além das festas e poesias, Júnior mostrou de onde vem seu apelido, fazendo o corte da carne do Carneiro.
Visita do Museólogo Moysés Siqueira ao Museu do Homem do Cariri
O Museólogo Moysés Siqueira Neto compareceu ao Sítio Carneiro neste São João, onde prestou auxílio na formatação e estruturação do Museu, após a visita ao museu, Moysés se hospedou no sítio, oportunidade que presenciou uma cantoria e a cultura local.
sábado, 11 de junho de 2011
JESUS

sexta-feira, 10 de junho de 2011
DIA DOS NAMORADOS (fiz este soneto para Edna)

Boi de carro do saudoso poeta Jansen Filho

Há muito tempo aquele boi padece.
Levando aquele carro tão pesado!
Seu própio dono não se compadece
de vê-lo triste como um desgraçado!
Num mar de pranto, onde o tormento cresce,
pelas mãos dos perversos foi jogado!
Flor do heroísmo que desaparece,
nos abísmos das cinzas do passado!
Enquanto geme carregando a canga,
a humildade, com certeza, manga,
por vê-lo padecer com tanta calma!
Só eu lamento o seu sofrer medonho
porque também carrego, assim, tristonho,
um carro de iluzões chorando n'alma!
quarta-feira, 8 de junho de 2011
São João
O mês de junho é festejado no Sertão Nordestino, fazendo jus aos lucros obtidos na s colheitas de cada ano. Baseado nesses festejos o poeta e trovador Zé da Luz escreveu “São João do Norte”,
domingo, 5 de junho de 2011
A COBRA DO TEIXEIRA (do Livro Sertão de Beiradeiro de Zelito Nunes)
A serra do Teixeira, que dá nome a cidade da Paraíba, faz parte da cordilheira da Borborema e abriga no seu platô a cidade de Teixeira, terra de poeta, terra de meus ancestrais da família Nunes.
Do topo da Pedra do Tendol, a gente avista a cidade de Patos, uma bela cidade no vale das Espinharas, uma das cidade mais quentes, pela sua localização geográfica e também uma das mais bonitas do Estado.
A serra do Teixeira concentra mistérios e lendas indígenas que até hoje não foram desvendados até porque a sua vegetação formada de resquícios de Mata Atlântica, fica praticamente impenetrável durante todo o tempo.
Os mais antigos contam que onças enormes atacavam os currais vizinhos e subiam a cerra arrastando bois enormes pela patas traseiras.
Marcolino falava de uma cobra muito grande, que morava numa loca no pico da serra e só descia uma vez por mês pra beber água e pegar garrotes que pastavam no vale.
- Diziam que no rastro que ela deixava passava um carro de bois e ainda sobravam rastros pros lados.
Um dia, os caçadores da região resolveram enfrentar o monstro e a notícia se espalhou até nos estados vizinhos, de onde vieram os mais valentes e exímios atiradores.
Já durava uma semana o tiroteio em cima da serra, sem que ninguém
conseguisse matar aquele dragão sertanejo.
Foi quando uma pessoa deu um palpite:
- Isso aí só tem jeito – com seu Vicente, um velhinho caçador de Monte Orebe lá na divisa com o Ceará,
Lá vai o recado para seu Vicente, que uma semana depois chega com uma lazarina, um bornal velho e dois cachorrinhos vira-latas.
- “Amanhã, eu quero sair ainda de madrugada véia, no escuro, que é hora boa de matar cobra”.
Foi dormir e, logo de madrugadinha, quando os passarinhos ainda dormiam, tomou o rumo da serra que, de tão alta, só quando deu meio dia é que ele chegou no meio dela.
De repente começou a ouvir tiros e, preocupado, apressou o passo, quando cruzou com dois caçadores de serra abaixo, em desabalada carreira.
Meu Deus, perdi minha viagem, já estão atirando na cobra!
- Nisso, um dos caçadores ainda teve tempo de gritar:
- Tão não, meu amigo, esses tiros que o senhor tá ouvindo, não é tiro não, é a cobra batendo as pestanas!
HISTÓRIA DO VAQUEIRO VICENTE MATIAS CONTADA NO LIVRO CAATINGA BRANCA (Pedro Nunes Filho)
Vicente Matias da Pedra da Bicha, quando completei quinze anos de idade, meu patrão me chamou e me deu um terno completo de couro e disse:
-Vicente, de hoje em diante, você vai ser vaqueiro.
Fiquei todo arrepiado quando ouvi meu amo dizer isso. Me lembrei logo do que meu pai dizia:
- Nessa terra só tem prestígio quem é vaqueiro.
Meus beiços tremeram, olhei para o chão para disfarçar o que estava sentindo.
- Vai chorar, moleque? – meu amo perguntou, participando de minha emoção.
Ele conhecia minha história de vida e sabia muito bem o que tudo aquilo representava para mim. Por isso, estava também muito feliz.
Os vaqueiros que estavam ao redor riram. Ele bateu em minhas costa e acrescentou:
- tem mais. De hoje em diante, você vai montar no cavalo parafuso. Trate bem dele. É como se fosse seu.
- Parafuso?! – perguntei sem acreditar.
Comovido com minha alegria, ele balançou a cabeça afirmativamente.
Parafuso era, de fato, o melhor cavalo da fazenda. Tinha todas as características de um cavalo bom de campo. Esguio, sóbrio, rabo comprido, crinas grandes, capaz de resistir às maiores privações e os maiores esforços sem se cansar. Com o passar dos tempos, fomos nos acostumando um ao outro. Não sei porque parafuso era diferente dos outros cavalos da fazenda. Era um animal desanimado, triste. Seus olhos só brilhavam na hora de pegar um boi brabo ou de esperar um garrote arisco na saída de uma pista de vaquejada. Depois disso, as pálpebras murchavam, baixava a cabeça e arriava as orelhas numa sonolência inexplicável. Mal se dava o trabalho de balançar a calda para espantar as moscas e os mosquitos impertinentes. Era um animal esperto, mas aparentava se ronceiro e preguiçoso. Era sadio e forte, mas estava sempre descansando uma das patas traseira, dando a entender que estava cansado. Quando eu apertava as esporas, tornava-se ágil como o vento e mergulhava na caatinga com toda valentia. Diante de um galho rasteiro, abaixava-se para me proteger. Se precisasse passar entre dois troncos estreitos, alongava-se e afinava a cintura. Pulava grotas, beirava precipícios, enfim, só entrava onde sabia que dava para passar meu corpo raquítico de vaqueiro corajoso e destemido.
Parafuso era cobiçado por todos os vaqueiros da fazenda. Por isso, me senti um príncipe, um príncipe das caatingas caririzeiras, vestido de gibão, perneiras, guarda-peito, luvas e montado em parafuso com arreios enfeitados de latão.
Em pouco tempo me tornei o melhor vaqueiro da fazenda. Não havia bicho brabo que eu não pegasse. Na arrancada, parafuso saía logo na frante e eu me lembrava do que meu oai dizia:
- Abra os olhos, moleque! Vaqueiro corre de olho aberto!
Em questão de minutos, parafuso derrubava a rês, eu saltava em cima dela, quando os vaqueiros encostavam, eu já estava botando o chocalho e a máscara.
Minha fama correu meio mundo em pouco tempo. De toda parte me convidavam para as pegas de boi, para as vaquejadas e para as festas de apartação. Naquele tempo não havia cercas como hoje. As fazendas eram grandes e o gado se criava solto nas terras de ninguém. Quando o sol de agosto começava a dourar as folhas da caatinga, estava no tempo de apartar o gado e ferrar a bezerrada. Os vaqueiros reuniam-se e faziam festas de apartação. Cada um conhecia o gado de seu patrão. Era só apartar e ferrar. Não havia erro nem dúvida. Matava-se um boi e a festa rolava uns dois ou três dias, cada vaqueiro querendo mostrar mais coragem e preparo na pega do gado brabo, arisco e gordo.
Os vaqueiros tinham participação nas crias, por isso havia tanto interesse e cuidado com os criatórios.