
Na Prata todo seu filho,
Tem um perfil bem fiel
Pois o prefeito Marcel!
Aprumou ela no trilho.
A Prata tem muito brilho
Tem um valor mais de cem,
As outras estão muito aquém,
Já foi registrado em ata.
Não troco as prata da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Na Paraíba do Norte,
Um lugar especial,
Um dia foi um curral
Com boiadas para corte,
Vaqueiros tirando sorte
Findavam entrando também
No rol dos homens que têm
Dinheiro e vida sensata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Vou lembrar a vida inteira
Os balões de Mariano,
As noites de fim de ano,
As festas da padroeira,
As tarde de fim de feira,
Igual a Rômulo também,
Eu tenho e Zelito tem
Uma saudade que mata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
No fim da rua o Cruzeiro
Vigiando o povoado,
Um vapor velho fechado,
Histórias de cangaceiro,
Meu herói era o vaqueiro,
Narrativas do além
Me atraíam também,
A cantoria, uma sonata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Cresci ouvindo os cantares
Do poeta Marcolino,
Serrote Agudo era um hino
Pra ser cantado em altares,
Nas cantorias e nos bares,
Às vezes Pinto também
Com humor e com desdém
Chegava sem marcar data,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
As histórias de Quelé
Que brigou com Lampião
Corriam pelo Sertão,
Monteiro, Amparo, Sumé,
Eu não arredava o pé,
Contadas não sei por quem,
Escutei pra mais de cem
Versões de briga e bravata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Os folhetos de cordel
Narravam muitas contendas
Leandro, o melhor de vendas,
Ia do inferno ao céu
Chagas Batista fiel
Escrevia contra quem
Tirasse a vida de alguém
De sandália ou de gravata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Nas caatingas do Sertão
Xique-xique e caroá,
Mandacaru, sabiá,
Pau-serrote e pau-caixão,
Tem urtiga cansanção,
Cuja folhagem contém
Veneno que não faz bem,
Que dá coceira e maltrata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
Ouro é metal perigoso
Que cega, mata e seduz,
Engana porque reluz
E atrai o vaidoso,
Metal puro, não ferroso,
Melhor mesmo faz é quem
Nas lides do vai-e-vem
As coisas simples acata,
Não troco as pratas da Prata
Pelo ouro de ninguém.
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