segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PRATA (Com Rômulo Nunes e Pedro Nunes)









Na Prata todo seu filho,

Tem um perfil bem fiel

Pois o prefeito Marcel!

Aprumou ela no trilho.

A Prata tem muito brilho

Tem um valor mais de cem,

As outras estão muito aquém,

Já foi registrado em ata.

Não troco as prata da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Na Paraíba do Norte,

Um lugar especial,

Um dia foi um curral

Com boiadas para corte,

Vaqueiros tirando sorte

Findavam entrando também

No rol dos homens que têm

Dinheiro e vida sensata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Vou lembrar a vida inteira

Os balões de Mariano,

As noites de fim de ano,

As festas da padroeira,

As tarde de fim de feira,

Igual a Rômulo também,

Eu tenho e Zelito tem

Uma saudade que mata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


No fim da rua o Cruzeiro

Vigiando o povoado,

Um vapor velho fechado,

Histórias de cangaceiro,

Meu herói era o vaqueiro,

Narrativas do além

Me atraíam também,

A cantoria, uma sonata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Cresci ouvindo os cantares

Do poeta Marcolino,

Serrote Agudo era um hino

Pra ser cantado em altares,

Nas cantorias e nos bares,

Às vezes Pinto também

Com humor e com desdém

Chegava sem marcar data,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


As histórias de Quelé

Que brigou com Lampião

Corriam pelo Sertão,

Monteiro, Amparo, Sumé,

Eu não arredava o pé,

Contadas não sei por quem,

Escutei pra mais de cem

Versões de briga e bravata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Os folhetos de cordel

Narravam muitas contendas

Leandro, o melhor de vendas,

Ia do inferno ao céu

Chagas Batista fiel

Escrevia contra quem

Tirasse a vida de alguém

De sandália ou de gravata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Nas caatingas do Sertão

Xique-xique e caroá,

Mandacaru, sabiá,

Pau-serrote e pau-caixão,

Tem urtiga cansanção,

Cuja folhagem contém

Veneno que não faz bem,

Que dá coceira e maltrata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.


Ouro é metal perigoso

Que cega, mata e seduz,

Engana porque reluz

E atrai o vaidoso,

Metal puro, não ferroso,

Melhor mesmo faz é quem

Nas lides do vai-e-vem

As coisas simples acata,

Não troco as pratas da Prata

Pelo ouro de ninguém.

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