terça-feira, 27 de dezembro de 2011

CHUVA NO SERTÃO (Rômulo Nunes e Pedro Nunes Filho)



















R
Rômulo Nunes
Vi pelado sem folha o marmeleiro
Toda fauna não sei como se esconde
A casaca de couro não responde
Nem o galo que canta no terreiro
Terra boa parece um tabuleiro
Sem ter planta nenhuma a florescer
E num passo de mágica, se chover
Modifica essa tal vegetação
que transforma a paisagem do Sertão
Hibernando na seca pra viver.

Pedro Nunes Filho
Vi caatingas desertas cor de prata
Nos desvãos de imensas serranias,
Baraúnas torcidas nas porfias
Violentas que sopram contra a mata,
Criminosa é a mão que desacata
A vontade suprema de um ser,
Num bioma que morre pra nascer,
Basta apenas librina e o trovão
Que transforma a paisagem do Sertão,
hibernando na seca pra viver.

Rômulo Nunes
Vi secar açudes e barragens
Rio, poço, até o bebedouro
Vi de sede morrer o melhor touro
E de fome porque não tem pastagens
Sertanejos que fitam nas miragens
Espiando pro céu querendo ver
Um pedaço de nuvem escurecer
Acabando no ano esse verão
Que transforma a paisagem do Sertão,
hibernando na seca pra viver.

Pedro Nunes Filho
Vadiei na lagoa panati
procurando rebanho espatifado
não havia vaqueiros encourados,
nem chocalhos tocando par ali,
preparou-se uma chuva pra cair,
logo o céu começou a escurecer
vinha água caindo pra valer
escorrendo de bolo pelo chão
que transforma a paisagem do Sertão
Hibernando na seca pra viver
.
Rômulo Nunes
O cambão de milho se acabou
Hoje a ave que vejo é urubu
Vivo aqui a cortar mandacaru
Para o gado que a seca não matou
Meu cavalo de fome já tombou
Muitas vezes não sei o que fazer
Só queria ao menos poder ver
O trovão o relâmpago e seu clarão
Que transforma a paisagem do Sertão,
Hibernando na seca pra viver

domingo, 11 de dezembro de 2011

LIVRAMENTO MOSTRA SEUS POETAS


Livramento apresenta a herdeira de Rogaciano Leite, Thyelle Dias Leite Maranhão, jovem de dezesseis anos, aparece no senário poético brasileiro como uma promessa da boa poesia.











Me encontro num vão sem firmamento/
prisioneira dos desamores presos/
escolhendo os caroços dos desprezos/
e quarando uma dor no pensamento/
neste breve instante do momento/
eu me acho um ser sem estaturas/
minha alma perdeu as esculturas/
deste corpo que vaga tão perdido/
o silêncio da noite é quem tem sido/
testemunha das minhas amarguras.

Rogo em prece aos santos curadores/
ajoelho-me aos pés do coração/
não querendo prestar-lhe devoção/
mas tentando apagar as minhas dores/
lua a dentro degusto os dissabores/
que o pranto me dá como mistura/
se chorar é o remédio para a cura/
o problema está mais que resolvido/
o silêncio da noite é quem tem sido/
testemunha das minhas amarguras.

No avesso do eu pressinto o calo/
que encarna na carne do meu peito/
e nos traços do rosto já desfeito/
todos veem aquilo que não falo/
ando aos tombos de abalo em abalo/
nessa estrada é o tempo quem fatura/
vai pisando meu corpo à ferraduras/
sem ouvir o clamor do meu gemido/
o silêncio da noite é quem tem sido/
testemunha das minhas amarguras.

De andor em andor segue meu ser/
carregado por mão que o blasfema/
e no corpo uma imagem que se crema/
vai virando um pó a fenecer/
a cor d'ouro da pele a se perder/
escurece o reflexo da figura/
o cabelo perdendo a tintura/
denuncia um cadáver travestido/
o silêncio da noite é quem tem sido/
testemunha das minhas amarguras

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE(Jessé Costa)
















Já pensaram se a gente não tivesse
Uma sombra de árvore na rua
E o concreto encobrisse o sol, a lua
E o restante qu’é verde, vivo e cresce?
Já pensaram se o mundo muito aquece
E os bichos tudinho vão e somem
O que peste seria então do homem
Que mulesta qu’a gente ia comer
Como é que a gente ia viver
Se dinheiro e status não se comem?

Do que nós precisamos pra viver?
Precisamos de carros, de dinheiro
Ou ar puro, nascentes e um terreiro
Onde é verde o que a vista percorrer?
E o futuro, como é qu’ele vai ser?
Se ninguém não puxar o “frei-de-mão”
Da selvagem e vil devastação
E da poluição que a gente gera
É cruel, mas, ficando assim, já era
Nossos netos, coitados, pagarão...

É por isso que tão fundamental
Quanto é tomar banho e se limpar
É também o planeta preservar
Afinal ele é nosso quintal.
Inda cabe remendo nessa tal
De camada de ozônio já furada
Cada um pegue a pá e a enxada
E cultive de forma consciente
Nosso meio e tão frágil ambiente
Que sem ele ninguém aqui é nada!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

SOBRENOMES DA PARAÍBA (Pedro Nunes Filho)












A Paraíba do Norte

Tem nome de toda sorte:

Ferreira, Ferrão, Furtado,

Correia, Ramos e Ramalho,

Tem Firmino e tem Carvalho,

Tem Batista e tem Barbalho,

Pordeus, Lustosa e Machado.


Tem Cunha e tem Leal,

Tem Viana e tem Vital,

Lima, Pimenta, Bernardo,

Tem Poty e Camarão,

Tem Torres e Torreão,

Almeida, Leite, Catão,

Formiga, Coelho e Dourado.


Tem a família do Ó,

Lucena, Maia e Maior,

Galo, Pinto e Militão,

Silva, Silvino e Pinteiro,

Soares, Granja, Granjeiro,

Vieira, Prata, Monteiro,

Quintans, Guedes e Falcão.


Agra, Diniz, Frutuoso,

Tem Ventura e Venturoso,

Xavier, Chaves e Aquino,

Mendonça, Lopes, Moreira,

Dantas, Honório, Vieira,

Medeiros, Lira, Bandeira,

Palmeira e Peregrino.


Tem Primo, Neto e Sobrinho,

Tem Costa, Couto e Coutinho,

Cartaxo, Freitas, Feitosa,

Holanda, França e Lisboa,

Castilho, Gago, Pessoa,

Tem Vital e Figueiroa,

Borba, Bonfim e Barbosa.


Tavares, Rego, Nogueira,

Lélis, Sátiro e Oliveira,

Borba, Fragoso e Galvão,

Camilo, Braga, Pinheiro,

Gaudêncio, Braz, Limoeiro,

Tem Santa Cruz e Brindeiro,

Toscano, Tigre e Leão.


Tem Valente e tem Mansinho

Tem Montenegro e Mousinho,

Ayres, Almino e Aguiar,

Rouxinol, Preto e Moreno,

Albino, Grande e Pequeno,

Tem Tolentino e Sereno,

Videres, Castro e Vilar.


Tem Meira e tem Antonino,

Tem Benício e Saturnino,

Romeiro, Roma e Romão,

Tem Gato e Maracajá,

Tem Rocha e tem Dinoá,

Branquinho, Mendes e Sá,

Tem Nery e tem Maranhão.


Tem Lima, Limão, Limeira,

Burity, Brito, Figueira,

Tem Tejo e tem Palitó,

Tem Porto e Mineral,

Elvídio, Aleixo, Cabral,

Tem Santos e Amaral,

Tem Correia e Mororó.


Rolim, Bichara e Siqueira,

Pedrosa, Rabelo e Meira,

Matias, Matos, Tomás,

Lucena, Arruda, Camilo,

Gonçalves, Bento, Cirilo,

Barros, Gomes e Murilo,

Torquato, Rangel e Morais.


Tem Salgado e tem Salgueiro,

Tem Massa e tem Trigueiro,

Tem Patriota e Reinaldo,

Tem Cordeiro e Gitirana,

Tem Fonseca e Cajarana,

Alcoforado e Santana,

Melo, Melão e Melado.


Tem Madruga e tem Sobreira,

Tem Batinga e tem Pereira,

Tem Mariz e tem Beltrão,

Caju, Cajá, Cajueiro,

Tem Pitomba e Umbuzeiro,

Tem Cirne e tem Cisneiro,

Tem Panta e Pantaleão.


Nóbrega, Maroja e Luna,

Lafayette e Suassuna,

Tem Catingueira e Patu,

Franco, Fernandes, Firmino,

Bispo, Frade, Vitorino,

Tem Velho, Jovem e Menino,

Sobreira e Japiassu.


Sabiá, Nunes, Farias,

Tem Vale, Coutinho e Dias,

Neves, Queiroz, Rafael,

Andrade, Belo e Bandeira,

Bezerra, Correia, Oliveira,

Duarte, Onofre, Sobreira,

Carneiro, Rique e Noel.


Lira, Magela, Agripino

Duarte, Neiva e Targino,

Tem Jurema e tem Ribeiro,

Tem Vitorino e Leitão,

Tem Freitas, Serra e Serrão,

Limeira, Lins e Gaião,

Tem Marinho e Marinheiro.