Esta foto mostra uma paisagem
típica das caatingas sertanejas. Na lente de Pedro Rômulo, a Serra de
São Gonçalo, imensa, majestosa, coberta por um céu infinitamente azul,
bordado de nuvens brancas. No desvão imenso que a vista alcança, outras
serras sobranceiras mostram-se ao longe. Elas fazem parte do Planalto
da Borborema que começa no Rio Grande do Norte, atravessa Paraíba,
Pernambuco e chega até a uma pátria bem distante chamada Ceará. Clima
ameno, mais para fio. Vegetação serrana: macambiras, caroás e cactos
agarram-se às rochas, de onde sugam gotas de água indispensáveis à
sobrevivência da flora caducifólica. Juritis, asas-brancas,
canários-amarelos, galos-de-campina e sabiás, em permanete orquestração,
escondem-se nas copas de velhas baraúnas, que desafiam as estrelas,
aroeiras gigantes, umburanas e cumarus seculares. Em toda parte, o
cheiro de terra molhada pelo orvalho da madrugada mistura-se ao perfume
de fores silvestres de todas as cores e tamanhos. Formigas, formigões e
embuás caminham em muitas direções. Abelhas melíficas sem ferrão sugam o
néctar das flores. Pebas, tatus, mocós, camaleões, tejus, gatos mirins e
açus, pintados, vermelhos, azuis, raposas de caudas flocadas e guarás,
velozes como o vento, cruzam veredas, feito fossem vultos, sem ser.
Cascavéis, jararacas e jiboias arrastam-se pelo chão em busca de suas
presas. Caatingas imensas, vastas como um Reino e bioma único dessa
espécie no globo terrestre pedem proteção para sobreviver. Minha alma
mora nesses desvãos imensos. E a sua?
Nenhum comentário:
Postar um comentário