quarta-feira, 8 de junho de 2011

São João

 
O mês de junho é festejado no Sertão Nordestino, fazendo jus aos lucros obtidos na s colheitas de cada ano. Baseado nesses festejos o poeta e trovador Zé da Luz escreveu “São João do Norte”,

Uma noite de São João,
Só tem mais graça e beleza,
Mais brío e mais tentação,
É no mei da natureza
Das terras do meu Sertão!
Por isso não aprecêio
O São João da capitá.
Gosto do São João cabôco,
Numa casa de reboco,
Numa sala imbanderada
De bandera de papé,
Cum São João no aratóro,
Lá num canto, no artá,
Onde os hôme e as muié,
Contrito, sem fazê pouco,
Se ajuêia pra rezá.
Quero o São João das novena,
Onde as cabôca, as morena,
Antes do samba inrolá,
Arritira o oratóro,
Do santo qui tanto adóro,
Prá ele não se acordar.
E o oratóro arritira
Cantando uma cantoria:
Se São João soubesse
Quando era o seu dia,
Decía do céu à terra,
Cum prazé e aligria.
Mas, dispois de tudo isso,
Dispois do “bêja” do artá,
O samba inróla! É sivíço!
Pega tudo a vadiá!
Grita Zefa prá Maria:
- Chega depressa, lezêra.
Vamo Totonha e Luíza
Fazê aduvinhação
Da faca na banannêra!
Dispôis, vem tudo vortando
Prá assá mí na fuguêra.
E lá na sala infeitada,
Cum grande sastifação,
Sambado, a rapaziada
Levanta a puêra no chão!
A musga do “fole” véio
Do “ mestre” Chico Fumaça,
se mistura cum a puêra
e o chêrim da “ brejêra”
a mais mió das cachaça!
Zé Celemente, um matuto,
Genro do dono da casa,
De pé no chão sem sapato,
Vai pasá pela foguêra
Pisando im cima das brasa!
Aí as parma istreméce!
E viva! Torna a vivá!
Enquanto Rita de um lado
Agarrada cum uma cúia,
Cum os cacho dipindurado
Tá merguiando uma agúia.
O céu tá todo incendido
E ilumiado de istrêla.
Parece inté qui São Pedro,
Cum grande satifação,
Cende as lanterna do céu,
Im lovô a São João.
Essas coisa num iziste
No São joão cá da cidade.
Cá num se acende as foguêra,
Não se sorta “ busca-pé”,
As pistolêta os Cravêro,
Fogos tão apriciádo
Pelas môça e as muié.
O que ainda é mais pió,
E faz cortá coração
É num se vê na cidade
A subida dum balão!
A tá civilização,
Levou tudo de rojão!
Mas nunca hai de leva,
Do coração dum caboco
Das terra do meu sertão,
A tristeza e sodade,
Dessas noite brasilêra,
Das noite de São João!!

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