quinta-feira, 25 de agosto de 2011

JUMENTO VELHO (Eloi Davi)




Este animal que trabalha,
Mas, pouca gente lhe zela,
Quando um lhe tiram a cela,
Outro bota-lhe a cangalha
Carga de capim ou palha,
Só bota nele pesada!
O dono dá-lhe lapada,
Eita! cidadão malvado,
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.
Trabalha pra seu patrão,
As vezes passando fome,
Cada um lhe dar um nome:
Jegue, jerico, gangão!
Que o jumento é nosso irmão,
É palavra muito errada,
Carrega uma cruz cravada
Mas, nunca foi batizado!
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.
Para Maria e José,
De transporte ele serviu,
Mas, quando a virgem caiu,
Os dois viajaram a pé.
A virgem de Nazaré,
Já se encontrava cansada,
Sentou-se a beira da estrada,
O fez amaldiçoado.
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.
Quando já não pode mais
Trabalhar que a foça esgota,
Mesmo não podendo bota
Na cangalha dois costais,
E o dono vai atrás,
Acompanhando a passada,
Sofrendo e dando topada,
Ele bate no coitado.
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.
Depois de muito janeiro
O dono lhe dar desprezo,
O tira de seu revezo,
O solta no tabuleiro.
Relinchando no terreiro
Onde foi sua morada,
Deita no pé da calçada,
Recordando seu passado.
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.
Trabalhou para seu dono
Nas horas que precisava,
Muitas vezes trabalhava
Passando noite de sono.
Hoje está no abandono
Com a pata calejada,
Concluiu sua jornada,
Nunca foi recompensado.
jumento velho cansado,
trabalhou sem ganhar nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário